Tratamento da
Lesão dos Tendões

Extensores

Dedo em Martelo

O que é?

Danos ao tendão extensor do dedo, o mecanismo que permite que o dedo se endireite, causa uma curvatura permanente chamada dedo em martelo. Ocorre quando seu dedo atinge um objeto duro e se dobra à força.

Os tendões extensores são responsáveis por realizar a abertura dos dedos da mão e a extensão do punho. Quando algum destes tendões sofre uma ruptura, podemos perder a capacidade de realizar este movimento.

Embora possa ocorrer nas mais variadas localizações desde o antebraço até a ponta dos dedos, quando nos referimos ao termo “dedo em martelo” estamos falando da lesão em uma região específica, próxima a ponta do dedo - chamada de Zona I dos extensores.

Usamos também o termo dedo em martelo para as fraturas na mesma região em que, estando o tendão extensor preso no fragmento ósseo quebrado, a ponta do dedo fica caída como se o tendão estivesse rompido.

Qual a causa?

Esse tipo de lesão pode acontecer após pequenos traumatismos, atividades da vida diária ou atividades esportivas. Por vezes o paciente não percebe na hora, tem pouca ou nenhuma dor, mas depois percebe que apresenta uma deformidade e vai procurar atendimento.

Classificamos a lesão segundo Albertoni: Quando a lesão é tendinosa pura, dizemos que é tipo A; se a queda é pequena (menor que 30 graus) dizemos que é subtipo 1. Quando a lesão é óssea, dizemos que é tipo B. Subtipo 1 se queda menor que 30 graus. Em quedas mais acentuadas, com a ponta do dedo fletida mais de 30 graus, temos o subtipo 2. O tipo C se aplica a fraturas axiais da base da falange, enquanto as do tipo D seriam as lesões envolvendo a fise de crescimento nas crianças.

Clinicamente o dedo fica com uma queda na última articulação (interfalangeana distal) pela perda da capacidade de estendê-la e deixar o dedo reto. Algumas vezes, em uma tentativa de compensar o tendão rompido, o dedo acaba por hiperextendendo a articulação do meio do dedo (interfalangeana proximal) - gerando então a deformidade conhecida como “pescoço de cisne”.

O tratamento na maioria dos casos é conservador. Colocando uma tala Zimmer - imobilização de alumínio acolchoada com esponja - conseguimos reaproximar as bordas do tendão rompido e assim realizar o tratamento com manutenção contínua da imobilização por cerca de 8 semanas. Quando a lesão é por fratura, o tempo de imobilização pode ser reduzido, uma vez que a consolidação óssea oferece estabilidade mais rapidamente que a cicatrização tendinosa nesta localização - o tendão extensor é muito fino e frágil nesta posição. A imoblização envolve apenas a articulação lesionada, podendo incluir a interfalangeana proximal também caso haja a deformidade em pescoço de cisne.

Em alguns casos, como pacientes cuja profissão impede o uso de imobilização ou com deformidades muito complexas, podemos optar pelo tratamento cirúrgico com fixação do dedo em posição adequada e eventualmente adicionando suturas no tendão rompido.

O tratamento visa recuperação funcional. Sabe-se porém que há uma chance considerável de persistência de deformidade residual com algum grau de queda da ponta do dedo mesmo realizando adequadamente o tratamento. Por vezes a deformidade segue melhorando após o período inicial de 8 semanas e o uso de tala durante parte do dia e durante a noite pode continuar contribuindo para uma boa evolução.

Nos casos crônicos ou com ausência de resposta ao tratamento inicial, podemos considerar a possibilidade de tratamento cirúrgico, sendo as cirurgias de dermotenodese de Brooks-Graner ou a artrodesese de interfalangeana distal as duas opções mais realizadas.

Na dermotenose realiza-se a retirada de uma faixa de pele e tendão e a sutura do conjunto. Assim, temos um encurtamento deste tendão que havia rompido e cicatrizado alongado. A cirurgia fica protegida por um fio de aço - kirschner - por 6 semanas.

A cirurgia de artrodese consiste em promover a rigidez da articulação envolvida através da consolidação cirúrgica da mesma. A fixação é realizada com parafusos específicos para este fim.

Uma boa conversa com seu ortopedista especialista em cirurgia da mão permite escolher a melhor forma de tratamento, de modo a levar em conta as características da lesão mas, fundamentalmente, também considerar as suas atividades diárias, seu grau de demanda e suas possibilidades de submeter-se a cada uma das opções terapêuticas.