Tratamento da
Síndrome do
Túnel do Carpo

O que é?

A síndrome do túnel do carpo é uma compressão do nervo mediano ao nível do punho, levando o paciente a sentir dor, dormência e formigamento na mão afetada.

Os sintomas podem ser tão intensos a ponto de atrapalhar nas atividades do dia a dia, como usar celular, dirigir, abotoar uma camisa, costurar, andar de bicicleta ou mesmo dormir a noite. Em casos mais severos a perda de sensibilidade pode ser constante e mesmo chegar a atrofia de alguns grupamentos musculares da mão. Os sintomas costumam começar aos poucos, sem alguma causa aparente. Intercalando períodos de melhora, como passar do tempo alguns desenvolvem quadro mais constante e intenso, gerando grande incômodo e sofrimento.

Qual a causa?

Qualquer alteração que leve a compressão sobre o nervo mediano pode causar essa síndrome. Não grande maioria dos casos, temos a chamada doença “idiopática”, ou seja, sem que alguma causa conhecida tenha levado ao surgimento dessas alterações.

O túnel carpiano é um espaço por onde passam o nervo mediano, 9 tendões flexores dos dedos e também preenchido por tecido sinovial, responsável pela produção de liquido sinovial que ajuda no deslizamento das estruturas ali localizadas.

Caso algo leve à redução do tamanho do túnel, as estruturas que por ele passam serão comprometidas, e a que mais gera sintomatologia é o nervo mediano.

Essa situação pode ocorrer, por exemplo, quando o ligamento transverso que forma o teto do túnel fica mais espessado. Isso é visto em um grande número de pacientes.

Por outro lado, alterações que levem a inchaço dentro do túnel também podem gerar aumento da pressão sobre o nervo mediano em sua passagem por esse espaço.

Situações com esse perfil seriam a presença de cisto sinovial no canal, sinovite/inflamação, doenças reumatológicas, alterações hormonais (como durante a gestação), etc.

Embora a síndrome do túnel do carpo seja muito frequente, durante sua investigação deve ser descartada a presença de outras patologias que podem ter apresentação semelhante, assim como a existência de doenças associadas que possam estar causando esta alteração.

Durante a consulta médica, será conversado sobre o quadro clínico, doenças conhecidas e tratamentos em uso, assim como pesquisadas condições especiais que possam influenciar no desenvolvimento do quadro.

A pesquisa por outras causas de dor, como tendentes, artrose ou sequelas de lesões antigas também faz parte da consulta. Alguns testes específicos costumam ajudar a esclarecer o diagnóstico, pois provocam reprodução dos sintomas justamente ao aumentar a pressão sobre o nervo mediano no túnel do carpo.

Em termos de exames complementares, a eletroneuromiografia é o exame mais utilizado para a confirmação diagnóstica. Neste exame é testada a condução elétrica dos nervos ao longo do trajeto pesquisado. Além de identificar alterações compatíveis com a síndrome do túnel do carpo, também pode demonstrar alterações do nervo mediano em outros níveis (cotovelo, cervical,…) assim como alterações dos outros principais nervos do membro superior.

Exames de imagem eventualmente podem trazer informações adicionais, como a Ecografia e a Ressonância Nuclear Magnética. Estes exames não conseguem mostrar o funcionamento do nervo, mas podem demonstrar alterações em seu formato, assim como se existe alguma inflamação ou lesão cística/tumoração que esteja causando aumento da pressão dentro do túnel.

Como é o pós-operatório?

No período de pós-operatório o paciente deve manter cuidados focados em proteção do membro, controle de edema e higiene local. Nos primeiros dias, o uso de uma pequena tala previne dor e protege a cicatriz. Nesta fase, o paciente deve manter a mão elevada e movimentar os dedos para ajudar no controle de edema. Os cuidados com o curativo incluem mantê-lo limpo e seco. Normalmente o paciente não precisa fazer curativos em casa até a revisão no consultório médico, mas para tanto deve manter a mão seca e limpa, pois se o curativo estiver sujo e úmido ele deve ser trocado.

Atividades da vida diária são retomadas gradualmente, mas atividades com esforço precisam um período maior, em torno de 3-4 semanas.

Existem complicações da cirurgia?

Sim, infelizmente existem. Embora o procedimento seja considerado seguro e tenha um baixo índice de complicações, como em todo ato cirúrgico, infecção, sangramento e dor no pós-operatório podem ocorrer. Como na cirurgia é aberto o ligamento transverso do carpo, o reajuste na região pode levar algum tempo, motivo pela qual alguns paciente queixam dor no local por até 3 meses após a cirurgia. Persistência dos sintomas e recorrência são menos comuns. Em alguns casos, em que o nervo ficou comprometido por muito tempo, a liberação pode não produzir a melhora esperada, a sensibilidade dos dedos pode demorar a voltar ou voltar parcialmente e a musculatura tentar atrofiada não recupera sua função. Além disso, o organismo pode gerar uma retração no ligamento liberado, fazendo com que o mesmo volte a apertar o canal carpiano produzindo recidiva dos sintomas. Tratamento medicamentoso e novos procedimentos cirúrgicos são considerados em situações como essa.

O que devo fazer se suspeito ter síndrome do túnel do carpo?

A primeira coisa é agendar uma consulta e colher a opinião de um especialista em cirurgia da mão. A decisão do melhor tratamento leva muitos fatores em conta, e cada paciente precisa de uma atenção personalizada. Confirmar o diagnostico, pesquisar outras alterações que provoquem sintomas semlhantes, escolher a melhor forma de tratamento, todas esses passos são complexos e devem ser cuidadosamente avaliados caso a caso.

Uma vez que a avaliação esteja completa, o médico e o paciente estarão prontos para juntos decidirem a melhor maneira de conduzir o tratamento.

Existe Tratamento?

Certamente que sim! Existem diversas opções e normalmente quanto mais recente e mais leve o quadro apresentado, mais simples o tratamento e melhor a recuperação.

Inicialmente o uso de uma tala noturna ajuda a manter o punho na posição neutra, protegendo-o das posições em flexão ou extensão que eventualmente adotamos ao dormir - nessas posições a pressão naturalmente aumenta sobre o nervo mediano, piorando o quadro. Em alguns paciente o uso de tala mesmo durante o dia pode ajudar. Uso de comprimidos analgésicos e anti-inflamatórios podem ajudar a suportar a dor, embora tenham pouca função de cura do quadro.

Algumas modificações de atividades podem ajudar no controle sintomático, retirando do dia a dia aquelas atividades mais associadas a piora dos sintomas. A fisioterapia e a manipulação do nervo podem trazer alivio. Injeção com medicamento a base de corticóide pode trazer alívio e mesmo resolução em casos mais leves, sendo uma opção a ser conversada durante a consulta.

Para os casos mais tardios, em que a compressao do nervo se mostra de pior prognóstico, ou em casos de impossibilidade ou falha do tratamento não-cirúrgico, temos o recurso da liberação cirúrgica do túnel do carpo.

A cirurgia, normalmente realizada em regime ambulatorial, consiste em liberar o nervo mediano de todas as estruturas que estão gerando compressão. Para tanto, é feito um acesso pela palma da mão (via mini-incisão) ou na junção do punho com o antebraço (via endoscópica) que permite a abertura cirúrgica do ligamento transverso do carpo. Em alguns casos especiais, em que outras alterações na região estão causando a síndrome, pode ser necessário um acesso cirúrgico mais amplo, para realizar retirada de cistos, tumoracões, tecido sinovial, etc…